domingo, 24 de dezembro de 2017

Desafios para a Engenharia no Brasil do século XXI




Imagem: http://www.sambiental.com.br

Segundo dados divulgados pelo Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) organizado pela ONU, o Brasil é o décimo país mais desigual do mundo. Num estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), dentre os 30 países pesquisados, o Brasil foi o que mostrou o pior retorno em benefícios à população tendo em vista os altos valores arrecadados em impostos. Como se sabe, vivemos numa nação relativamente nova, marcada pela exploração e pela desigualdade. Os novos desafios para a engenharia em nosso país passam por problemas antigos, como falta de saneamento básico, até situações mais complexas, como os congestionamentos das grandes cidades.

A questão do saneamento 

De acordo com o Instituto Trata Brasil, somente 50,3% da população brasileira possui acesso à coleta de esgoto. O percentual de dejeto tratado corresponde a apenas 43%. Quanto ao abastecimento com água tratada, este abrange 83,3% dos brasileiros, sendo ainda insuficiente e precário. Cerca de 37% da água tratada no Brasil é perdida devido a vazamentos e desvios. 

Falta de mobilidade urbana 

Conforme estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o brasileiro leva em média cerca de 30 minutos para chegar ao local de trabalho. Nas grandes cidades o tempo é maior, mediante o tamanho e complexidade dos sistemas de mobilidade urbana. Em São Paulo, o tempo médio dispendido pode chegar a cerca de 40 minutos. A precariedade do transporte público aliado à alta do preço do combustível constituem empecilhos ainda maiores, responsáveis pela grande ineficiência de todo o sistema. 

Os gargalos no transporte 

Em pesquisa divulgada em 2016 pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), 58,2% das rodovias brasileiras encontram-se com problemas, em estados considerados péssimo, ruim ou regular. Além disso, a malha ferroviária do país é extremamente pequena, quando comparada a de outros países, como os Estados Unidos ou até mesmo a Índia. O uso de trens viabilizaria o transporte de commodities por longas distâncias, além do melhor acesso aos portos, possibilitando uma logística mais funcional. 

Precariedade das escolas e hospitais 

É de se admirar, mas em pleno século XXI crianças brasileiras ainda estudam em escolas com telhados de palha e estrutura de estacas e barro, por falta de um imóvel adequado para o desenvolvimento das atividades. Em pequenos povoados do interior do país é comum encontrar escolas desprovidas de banheiros e sem acesso à água.

De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), mais de 60% dos hospitais públicos encontram-se com problema de superlotação. Muitas das unidades precisam de reformas, ampliação do número de leitos ou readequação dos espaços. 

O problema do sistema carcerário 

O recente caos nos presídios brasileiros, no início do ano, evidencia a precariedade das instituições carcerárias, marcadas pela superlotação. De acordo com as Nações Unidas um presídio deve ter no máximo 500 vagas. No Brasil, muitos deles extrapolam esse valor, chegando a abrigar até 7000 presos. A construção de novas prisões pode ser uma solução enganosa como forma de resolver de todos os problemas relacionados à criminalidade, mas a reforma das atuais unidades é imprescindível.

Não nos resta dúvida de que o Brasil é um país em desenvolvimento, carente de infraestrutura de ponta e ainda bastante atrasado no que concerne à redução da desigualdade. A Engenharia, por isso, possui um papel crucial no processo de crescimento da economia, possibilitando a melhoria da qualidade de vida e respeito à dignidade de todos os brasileiros.

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