domingo, 24 de dezembro de 2017

Desafios para a Engenharia no Brasil do século XXI




Imagem: http://www.sambiental.com.br

Segundo dados divulgados pelo Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) organizado pela ONU, o Brasil é o décimo país mais desigual do mundo. Num estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), dentre os 30 países pesquisados, o Brasil foi o que mostrou o pior retorno em benefícios à população tendo em vista os altos valores arrecadados em impostos. Como se sabe, vivemos numa nação relativamente nova, marcada pela exploração e pela desigualdade. Os novos desafios para a engenharia em nosso país passam por problemas antigos, como falta de saneamento básico, até situações mais complexas, como os congestionamentos das grandes cidades.

A questão do saneamento 

De acordo com o Instituto Trata Brasil, somente 50,3% da população brasileira possui acesso à coleta de esgoto. O percentual de dejeto tratado corresponde a apenas 43%. Quanto ao abastecimento com água tratada, este abrange 83,3% dos brasileiros, sendo ainda insuficiente e precário. Cerca de 37% da água tratada no Brasil é perdida devido a vazamentos e desvios. 

Falta de mobilidade urbana 

Conforme estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o brasileiro leva em média cerca de 30 minutos para chegar ao local de trabalho. Nas grandes cidades o tempo é maior, mediante o tamanho e complexidade dos sistemas de mobilidade urbana. Em São Paulo, o tempo médio dispendido pode chegar a cerca de 40 minutos. A precariedade do transporte público aliado à alta do preço do combustível constituem empecilhos ainda maiores, responsáveis pela grande ineficiência de todo o sistema. 

Os gargalos no transporte 

Em pesquisa divulgada em 2016 pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), 58,2% das rodovias brasileiras encontram-se com problemas, em estados considerados péssimo, ruim ou regular. Além disso, a malha ferroviária do país é extremamente pequena, quando comparada a de outros países, como os Estados Unidos ou até mesmo a Índia. O uso de trens viabilizaria o transporte de commodities por longas distâncias, além do melhor acesso aos portos, possibilitando uma logística mais funcional. 

Precariedade das escolas e hospitais 

É de se admirar, mas em pleno século XXI crianças brasileiras ainda estudam em escolas com telhados de palha e estrutura de estacas e barro, por falta de um imóvel adequado para o desenvolvimento das atividades. Em pequenos povoados do interior do país é comum encontrar escolas desprovidas de banheiros e sem acesso à água.

De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), mais de 60% dos hospitais públicos encontram-se com problema de superlotação. Muitas das unidades precisam de reformas, ampliação do número de leitos ou readequação dos espaços. 

O problema do sistema carcerário 

O recente caos nos presídios brasileiros, no início do ano, evidencia a precariedade das instituições carcerárias, marcadas pela superlotação. De acordo com as Nações Unidas um presídio deve ter no máximo 500 vagas. No Brasil, muitos deles extrapolam esse valor, chegando a abrigar até 7000 presos. A construção de novas prisões pode ser uma solução enganosa como forma de resolver de todos os problemas relacionados à criminalidade, mas a reforma das atuais unidades é imprescindível.

Não nos resta dúvida de que o Brasil é um país em desenvolvimento, carente de infraestrutura de ponta e ainda bastante atrasado no que concerne à redução da desigualdade. A Engenharia, por isso, possui um papel crucial no processo de crescimento da economia, possibilitando a melhoria da qualidade de vida e respeito à dignidade de todos os brasileiros.

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quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Fique por dentro: os três mecanismos mais comuns de deterioração do concreto


O conceito de durabilidade das estruturas de concreto é algo relativamente novo, tendo sido incorporado às edificações há cerca de 35 anos. No Brasil, a primeira referência em norma foi na antiga NBR 6118/2003. 

Até os anos 80, a durabilidade das construções era algo subjetivo, baseada na experiência do profissional. Com o advento de novos estudos sobre o transporte de líquidos e gases agressivos em meios porosos, passou-se a estimar a durabilidade do concreto por meio da maior ou menor facilidade de percolação de fluidos pela matriz cimentícia.

Dentre os principais mecanismos de deterioração do concreto, os quais exercem influência direta sobre os quesitos de durabilidade e menor vida útil dos elementos, citam-se três: lixiviação, expansão por sulfato e reação álcali-agregado.

Lixiviação: trata-se do processo de transporte e dissolução da cal hidratada (Ca(OH)2) existente no concreto. Geralmente caracterizado pela presença de eflorescências. O processo de lixiviação irá resultar na chamada carbonatação, quando o dióxido de carbono e a água entram nos poros recém-formados e reage com a parcela restante de cal, levando à formação de sais. Os efeitos deletérios da lixiviação e da carbonatação incluem redução do pH, formação de fissuras e redução da resistência mecânica dos elementos de concreto armado, além da despassivação da armadura;

Eflorescência em concreto decorrente da lixiviação.
Imagem: http://www.mapadaobra.com.br

Expansão por sulfato:
decorre da reação entre os sulfatos e o aluminato tricálcico (C3A) ou hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) resultantes do processo de hidratação do cimento. A reação leva à formação de gesso e sulfoaluminato de cálcio (etringita ou sal de Candlot). Diante disso, as novas substâncias formadas cristalizam-se com a água e expandem-se, ocasionando fissuras e desprendimentos de lascas, além de facilitarem a entrada de águas agressivas no interior do concreto;

Expansão por sulfato.
Imagem: renatosahade.eng.br

Reação álcali-agregado: os álcalis do cimento incluem o óxido de sódio (Na2O) e o óxido de potássio (K2O). Estas substâncias podem reagir com a sílica em excesso presente em alguns agregados, levando à formação de um gel higroscópico. Tal gel é extremamente expansivo, de forma que leva à movimentações diferenciais nas estruturas, fissurações, pipocamentos e redução da resistência mecânica do concreto.

Reação álcali-agregado (RAA).
Imagem: www.engenhariacivil.com

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Fontes: 

BRANDÃO, A. M. S. Qualidade e durabilidade das estruturas de concreto armado: aspectos relativos ao projeto. 1998, 149 f. Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. São Carlos, 1998.

CICHINELLI, G. C. Reação perigosa. Revista Téchne, PINI, 2007. Disponível em: . Acesso em: 20 nov. 2017.

IBRACON. Reações álcalis-agregado em estruturas de concreto. E-Civil, 2017. Disponível em: . Acesso em: 20 nov. 2017.

JOSÉ, P. R. S . Lixiviação x carbonatação. Revista Téchne, PINI, 2009. Disponível em: . Acesso em: 20 nov. 2017.

MEDEIROS, M. H. F.; ANDRADE, J. J. O.; HELENE, P. Durabilidade e vida útil das estruturas de concreto. In: Concreto: Ciência e Tecnologia. IBRACON, 2011.

sábado, 7 de outubro de 2017

A arte da escrita: por que escrever pode nos parecer tão difícil?


Fonte: http://noticias.universia.com.br

Escrever com as próprias palavras pode ser uma tarefa extremamente árdua para alguns. Mesmo em meio a era tecnológica, em que estamos constantemente em contato com as redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas, parece-nos extremamente sufocante e, até mesmo apavorante, lidar com uma página de word em branca, pronta para ser preenchida.

Dentro dos cursos de exatas, a habilidade de escrita é, muitas das vezes, ignorada. Permeia no meio acadêmico, inclusive entre os docentes, uma cultura de total desprezo e desconsideração com relação à capacidade de redação por parte do aluno. De acordo com Cardoso (2010 apud HEINIG; SANTOS, 2011), dos mais de 30 mil profissionais engenheiros formados anualmente, apenas um quarto possui formação adequada. Dentre os problemas relatados, um chama a atenção, que é a dificuldade em redigir um texto nos testes realizados com os candidatos às vagas em entrevistas.

Escrever é uma arte e, como tal, é preciso que se faça seu aprimoramento dia após dia. Com raríssimas exceções, a qual diria que beiram o campo da metafísica, não se nasce escrevendo bem. É preciso esforço na tarefa penosa de se fazer entender por meio das palavras e expressões. Quem se faz compreendido por meio de um texto bem escrito e estruturado, adquire a capacidade de argumentação e defesa de seus pensamentos. A escrita é, por isso, um escudo de proteção no campo de batalha das ideias. É preciso que se ressalte, contudo, que o dom da escrita não se restringe apenas ao domínio restrito da gramática e ortografia. Redigir um bom texto envolve, antes de tudo, as técnicas e habilidades referentes à coesão e à coerência textual.

Assim como a argamassa cola e une os tijolos em uma parede, algumas palavras ajudam a “colar” as partes de um texto, mantendo-as juntas e de forma que as ideias se complementem umas às outras; a isso se dá o nome de coesão textual. É possível produzir um texto mais coeso por meio do conhecimento dos elementos de ligação, principalmente as conjunções, e das formas de utilização de cada um deles.

A capacidade de coerência da escrita, outro quesito de suma importância, envolverá maior abstração por parte do redator, uma vez que estará centrada na aptidão de reunir os pensamentos, informações e argumentos, tendo em vista a geração de um texto claro e entendível. Como quem aprende a ler e que, de tanto se esforçar, adquire a prática da leitura fluente, à medida que se escreve, aumenta-se a habilidade de se fazer entendível por meio das palavras, frases e expressões.

Por último, cumpre destacar que a criação de uma boa redação incluirá a constante mudança e readaptação da escrita, além da incessante escolha de sinônimos, como forma de evitar a repetição frequente de termos e vocábulos. De forma semelhante a esculpir uma obra de mármore, a confecção de um texto coeso e coerente envolverá a progressiva revisão por parte de quem escreve. Alguns trechos precisam muitas vezes ser podados e, outras vezes, reescritos, sempre com foco na coesão e coerência, incluindo e respeitando, além disso, a gramática e a ortografia da língua. Ao final, depois de todo o esforço e de todo o tempo dispendido, ter-se-á uma obra pronta e bem estruturada, envolvendo a constatação, por parte do autor, de que seu empenho pessoal lhe terá valido a pena. 

Referências

ABAURRE, M. L.; PONTARA, M. N. P.; FADEL, T. Português: língua, literatura, produção de texto: ensino médio. 1. ed. São Paulo: Moderna, 2005.

HEINIG, O. L. O. M; SANTOS, G. R. O letramento no processo de formação do engenheiro civil. Atos de Pesquisa em Educação – PPGE/ME FURB. ISSN 1809-0354 v. 6, n. 1, p. 53-78, jan./abr. 2011.

domingo, 10 de setembro de 2017

Paisagismo urbano e biodiversidade brasileira: precisamos valorizar o que é nosso


Foto de ipê amarelo (Tabebuia alba) tirada no CEFET-MG, Campus Curvelo.
Imagem do autor.
A falarmos sobre paisagismo urbano, a primeira coisa que temos em mente são as praças e as árvores espalhadas pela cidade. De fato, este é um campo que envolve a integração entre ambientes naturais e aqueles projetados pelo homem.

Quando o assunto é paisagismo, é comum que se faça uma abordagem relativamente estética, deixando outros aspectos de suma relevância em segundo plano. Ao se escolher uma planta ou árvore devemos nos atentar para diversas variáveis, incluindo o consumo de água, profundidade das raízes e período de poda. Hoje é comum a existência de praças e jardins repletos de vegetações e folhagens que, a princípio, nos parecem comuns e corriqueiras, mas que não pertencem, de fato, à nossa flora local. Muitas das vezes, essas plantas podem requerer uma enorme quantidade de água, além da necessidade de podas constantes. É preciso perguntar: até que ponto nos é interessante cultivar plantas de outras regiões, muitas vezes adaptadas a condições climáticas distintas da nossa, exigindo, por isso, alta demanda de recursos e constantes cuidados?

Não é novidade para ninguém que o Brasil é um país de rica biodiversidade. Nossa fauna e nossa flora são riquíssimas e estima-se que as espécies de plantas brasileiras representem 22% de toda a flora mundial. De acordo com o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, o país conta com 43.448 espécies de plantas e fungos reconhecidos. Frente a esse fato, parece ser necessário que haja uma readequação do espaço urbano, como forma de reinserir a flora local em nossas cidades. Felizmente, mesmo em meio à enorme variedade de árvores, algumas têm alcançado bastante popularidade em muitos lugares do Brasil, a exemplo do ipê, hoje considerada a árvore símbolo do país.

Os benefícios do paisagismo urbano são incontáveis, pois além de melhorar o aspecto estético dos ambientes, acaba por colaborar para a sustentabilidade. A consciência ambiental ligada ao paisagismo dependerá, muitas das vezes, da visão dos governantes responsáveis pelas cidades, além do incentivo e entusiasmo da população quanto ao aumento das áreas verdes em suas ruas e bairros. 

E aí? Que tal plantar uma árvore hoje? 🌳

Fontes:

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Tudo o que você precisa saber sobre as lâmpadas de LED


Imagem: http://iluminagesso.com.br

Hoje as lâmpadas de LED estão conquistando cada vez mais espaço no comércio, tendo alcançado as prateleiras da maioria dos grandes supermercados. Apesar de sabermos alguns dos benefícios proporcionados pelo uso deste tipo de lâmpada, muitas vezes desconhecemos seu princípio de funcionamento. Você, por exemplo, já se perguntou como funciona uma lâmpada de LED e o que a faz ser tão superior frente às demais?

Embora os componentes sejam poucos e simples, o funcionamento de uma lâmpada de LED pode ser algo de difícil entendimento. Para entender a forma como este tipo de lâmpada trabalha é preciso, antes de tudo, compreender do que se trata a tecnologia LED.

O que é o LED?

Imagem: https://pt.wikipedia.org/wiki/Diodo_emissor_de_luz

LED corresponde à sigla em inglês para Light-Emitting Diode, termo que em português equivaleria a Diodo Emissor de Luz. Trata-se de uma tecnologia relativamente nova, criada pelo inventor Nick Holonyack, hoje professor de Engenharia Elétrica na Universidade de Illinois.

O LED é formado por materiais semicondutores dopados com impurezas que funcionam como doadoras ou aceitadoras de elétrons. De forma sucinta, num LED temos dois materiais semicondutores, onde um deles possui excesso de elétrons (semicondutor tipo n) e o outro possui falta de elétrons ou lacunas (semicondutor tipo p). Quando os semicondutores n e p são colocados em contato e, em seguida, polarizados, os elétrons em excesso (n) conseguem atravessar a barreira pré-existente, de forma que alcançam as lacunas ou buracos do outro lado (p). Ao fazerem isso, os elétrons emitem energia sob a forma de luz (fótons).

Imagem: http://www.ucsusa.org

A cor emitida por um LED pode ser mudada por meio da alteração do tipo de material utilizado para dopagem do semicondutor. Graças às pesquisas iniciadas desde a segunda metade do século passado, hoje existem LED’s de diversas cores. Os LED’s brancos (modelo mais barato) são geralmente diodos emissores de cor azul, onde uma fina camada de fósforo, semelhante àquela das lâmpadas fluorescentes, é responsável por absorver a luz azul e emitir a luz branca.

Por que as lâmpadas de LED são melhores?

Uma das principais razões que tornam as lâmpadas de LED superiores e mais econômicas é por conta da não emissão de radiação infravermelha, o que evita desperdício de energia.

Outro fator importante é a sua elevada durabilidade frente aos demais tipos. A vida útil de uma lâmpada de LED é considerada longa, sendo que os modelos de melhor qualidade são desenvolvidos para durarem 50.000 horas, algo em torno de cinco anos de uso contínuo. As lâmpadas de LED não “queimam” como as lâmpadas incandescentes, sendo que sua vida útil é limitada até o intervalo de tempo em que a lâmpada estará brilhando a mais ou menos 70% de sua capacidade.

Um aspecto interessante das lâmpadas de LED é que os modelos disponíveis no mercado são fabricados com 95% de materiais que podem ser reciclados, permitindo um descarte mais fácil e de menor impacto ambiental. Há de se destacar ainda que a radiação infravermelha aquece o ambiente, o que pode ocasionar maior uso de ventiladores e condicionadores de ar nas estações mais quentes. Como as lâmpadas de LED não emitem tal radiação, isso acaba por colaborar para manutenção do conforto térmico dentro dos ambientes internos.

Fontes:

sábado, 15 de julho de 2017

Modelagem paramétrica em projetos: matemática e arquitetura de mãos dadas

A modelagem paramétrica, caracterizada por fazer uso de variáveis ou parâmetros para concepção da geometria de elementos construtivos, pode ser um termo novo para alguns, mas os projetos baseados nessa forma inovadora de criação de desenhos têm se mostrado cada vez mais usuais.

Imagem: br.pinterest.com/pin/34340015890656801/

O interesse da modelagem paramétrica é criar formas geométricas por meio de recursos computacionais e, após a etapa de planejamento, construí-las fisicamente, por meio de modelos espaciais derivados dos desenhos parametrizados. Essa nova forma de modelagem permite a reprodução gráfica de superfícies contínuas de acordo com os dados inseridos nos algoritmos.

Imagem: br.pinterest.com/explore/arquitetura-paramétrica/

Ao invés de se construir uma superfície ou volume por meio do traçado imaginativo do arquiteto, a modelagem paramétrica possibilita a criação de diferentes formas geométricas por meio de iterações e cálculos computacionais, criando desenhos que obedecem às leis matemáticas. Diante disso, o controle sobre a construção geométrica por parte do projetista poderá ser feito através do monitoramento das variáveis dentro de suas respectivas funções. 

Centro de Heydar Aliyev, Azerbaijão.
Imagem: arcoweb.com.br

Em meio às plataformas vetoriais como o AutoCAD e, mais atualmente, o próprio BIM, o arquiteto acaba por se ver refém das limitações de cada programa. Com a modelagem paramétrica torna-se possível superar essas restrições, tendo em vista que o projeto passa a se comportar como um “organismo vivo”, capaz de se adequar às diversas mudanças que surgem ao longo da fase de planejamento. Se o projeto estrutural, por exemplo, exigir o aumento da largura de uma viga, é possível adequar toda a geometria da construção através de uma simples alteração de parâmetros.

Imagem: teabj.com

Os cálculos e geração dos gráficos parametrizados, em grande parte dos casos, serão de grande complexidade, sendo necessário o uso de ferramentas computacionais. Alguns programas e plugins, como o Rhinoceros e o Grasshopper, podem ser utilizados para criação, investigação e análise das superfícies e objetos.

Para saber mais sobre plugins paramétricos: clique aqui.

A princípio, pode nos parecer que a parametrização seja uma oposição à racionalização de projetos dentro da indústria da construção. Há de se destacar, contudo, que a arquitetura paramétrica é na verdade uma evolução do pensamento racionalizado, sendo capaz de atender de forma satisfatória os quesitos de sustentabilidade, conforto térmico e personalização de ambientes. Essa nova forma de se projetar é ainda uma excelente forma de estimular a criatividade, além de colaborar para o desenvolvimento do pensamento lógico, abstrato e associativo.

Fontes:

sexta-feira, 30 de junho de 2017

Fórmula de Blondel: como calcular o conforto de escadas?


Uma escada é um tipo de construção com degraus que tem por finalidade conectar dois locais situados em níveis diferentes.

Calcular o conforto de uma escada é especificar suas medidas de forma que as pessoas possam utilizá-la confortavelmente, respeitando padrões de ergonomia e segurança. Os dois principais elementos para dimensionamento são o espelho e o piso.


François Blondel, importante arquiteto militar da França, foi responsável por estudar características de conforto em escadas. Sua base de projeto é referência para diversos profissionais da área e a fórmula, hoje adaptada, ainda recebe o seu nome.

O que nos diz a fórmula de Blondel?

Segundo a Fórmula de Blondel, as dimensões do piso e do espelho em uma escada confortável deverão obedecer a seguinte relação:

P + 2E = 60 a 64 cm

onde: P = piso e E = espelho.

Recomenda-se que o piso mínimo em uma escada seja 28 cm (mínimo exigido pelo Corpo de Bombeiros). Uma escada pode ser considerada folgada quando E = 17 cm e P = 28 cm, sendo estes os valores mais recomendados. O piso de uma escada comum varia entre 25 e 30 cm. E o espelho, entre 16 e 18 cm.

E com relação à largura da escada?

Recomenda-se que a largura de uma escada nunca seja menor que 80 cm, devendo ser da ordem de 1,20 m em edifícios de apartamentos e escritórios.

Exemplo de cálculo de conforto de uma escada

Seja uma escada com P = 30 cm e que precisa vencer uma altura H = 2,85 m. Qual deverá ser a altura do espelho e o comprimento da escada?

Utilizando a Fórmula de Blondel:

30 + 2.E = 64
E = 17

Usar E = 17 cm.

O número de espelhos NE corresponde à razão entre a altura do vão e a altura do espelho.

Logo: NE = H/E = 285/17 = 17,76

Ora, como podemos ver, o número de espelhos não corresponde a um número inteiro. Vamos então trocar os valores entre NE e E, de forma que:

NE = 17 
E = 17,8 cm

O número de pisos NP é igual a NE-1, de forma que: 

NP = 17-1 =16

O comprimento da escada será NP x P = 16 x 0,3 = 4,8 m.

Fontes:


http://portifolioarquiurbano.blogspot.com.br/2013/02/escadas-formula-de-blondel.html http://pedreirao.com.br/escadas/calculo-de-escadas-passo-a-passo/
http://www.clubedoconcreto.com.br/2013/12/dimensionamento-de-escadas-segundo-nbr.html

domingo, 28 de maio de 2017

Casas de madeira e sistema log home: fique por dentro


Imagem: http://www.interior-idea.com/log-home5.html

O uso da madeira em edificações não é algo tão recente. Atualmente, porém, novas tecnologias têm permitido a execução de sistemas estruturais em intervalos de tempo cada vez menores.  As casas no sistema construtivo log home são geralmente construídas com toras de madeira maciça, constituindo uma alternativa ecológica para manutenção do conforto térmico. Hoje em dia, a montagem por meio dos chamados painéis autoportantes tem chamado cada vez mais atenção, justamente pelo fato da facilidade de construção e menor prazo de execução.

Painel autoportante de madeira.
Imagem: https://br.pinterest.com/explore/log-homes-kits/

As residências log home são bastante comuns em países do hemisfério norte, como Estados Unidos, Canadá e Finlândia. É comum encontrar cabanas desse tipo em diversas regiões, incluindo praias, florestas e campos, sendo comumente chamadas de log cabins. No Brasil, as edificações que fazem uso deste sistema construtivo passaram por um verdadeiro processo de “tropicalismo”, de forma que houve uma mescla com elementos de nossa arquitetura clássica, como o concreto, a alvenaria cerâmica e os azulejos, principalmente nas áreas molhadas, como banheiros e cozinhas. O resultado foram casas realmente aconchegantes e diferenciadas.

Imagem: http://www.swissmtloghomes.com/

As log homes são normalmente executadas com madeira tratada, oriunda de reflorestamento. O pinus é geralmente a madeira mais utilizada para paredes e divisórias, devido à sua maior leveza, enquanto nas estruturas de telhados é bastante comum o uso do eucalipto. Em alguns casos tem sido frequente a utilização de painéis de vidro para permitir a iluminação natural do espaço interno, trazendo ainda mais conforto e beleza a estas construções.

Imagem: https://timberwolfhandcrafted.wordpress.com/log-hybrid-photos/
Fontes:

domingo, 23 de abril de 2017

Os seis tipos mais comuns de madeiras utilizadas nas construções


A madeira a ser utilizada em construção civil se divide em dois grupos principais, a saber: madeira maciça e madeira industrializada. A madeira maciça poderá ser roliça, falquejada ou serrada. No caso das madeiras industrializadas, podemos separá-las em compensados, laminados e madeira recomposta.

Madeira roliça: utilizada na forma de troncos sem a casca, é comumente usada em escoramentos de fôrmas, postes e colunas. Os tipos mais comuns no Brasil são o eucalipto e o pinho-do-paraná. 

Madeira roliça em sistema de cobertura.
Imagem: www.ecotrat.com.br

Madeira falquejada:
trata-se de madeira obtida por meio de corte com machado, de forma que as partes laterais são retiradas, formando uma peça de seção retangular. Seu uso é mais comum em antigos dormentes de madeira, estacas, cortinas cravadas e pontes.

Vigas falquejadas de madeira de demolição.
Imagem: http://www.imperiumbrasil.com.br

Madeira serrada:
os troncos são serrados por meio de serras especiais e divididos em diversas lâminas ou pranchas, de acordo com a espessura desejada. A madeira deve passar por processo de secagem adequado para evitar danos na estrutura, como empenamentos e fendilhamentos. Muito utilizada em treliças de cobertura, incluindo terças, ripas e caibros.

Peças de madeira serrada empilhadas.
Imagem: http://eucatratus.com.br

Madeira compensada:
bastante utilizada em portas, armários e divisórias. É formada por meio da colagem de três ou mais camadas ou lâminas, alternando a direção das fibras em ângulo de 90°. Vale mencionar que num compensado o número de lâminas será ímpar (3, 5 ou mais lâminas).

Placas de compensado pinus.
Imagem: unicompen.com.br

Madeira laminada e colada (MLC): fabricada por meio da colagem, com adesivos e alta pressão, de lâminas de madeira com fibras em direção paralela. Quando as lâminas são muito finas (1 a 5 mm de espessura), fala-se em microlaminados. Trata-se de um produto mais homogêneo que a madeira serrada, pois não há a presença de nós indesejáveis, o que permite formar peças de grande comprimento, dentre elas, vigas de seção retangular. Seu preço, entretanto, é mais elevado.

Estrutura com MLC.
Imagem: http://madeiralaminadacolada.com

Madeira recomposta: é um produto geralmente encontrado na forma de placas, fabricado por meio de serragem e resíduos de madeira compensada, convertidos em flocos e colados sob pressão. No caso dos famosos painéis OSB (Oriented Strand Board), utilizam-se pequenas lascas de madeira com as fibras orientadas e coladas sob alta temperatura. O OSB possui reduzida massa específica e é bastante comum na Europa e América do Norte, tendo sua utilização voltada para painéis diafragmas, almas de vigas I compostas, revestimentos de piso e cobertura. 

Ambiente com divisórias e decoração em painéis OSB.
Imagem: http://www.tracodarquitetura.com.br

Fonte:

PFEIL, W.; PFEIL, M. Estruturas de madeira. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015.