sábado, 7 de outubro de 2017

A arte da escrita: por que escrever pode nos parecer tão difícil?


Fonte: http://noticias.universia.com.br

Escrever com as próprias palavras pode ser uma tarefa extremamente árdua para alguns. Mesmo em meio a era tecnológica, em que estamos constantemente em contato com as redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas, parece-nos extremamente sufocante e, até mesmo apavorante, lidar com uma página de word em branca, pronta para ser preenchida.

Dentro dos cursos de exatas, a habilidade de escrita é, muitas das vezes, ignorada. Permeia no meio acadêmico, inclusive entre os docentes, uma cultura de total desprezo e desconsideração com relação à capacidade de redação por parte do aluno. De acordo com Cardoso (2010 apud HEINIG; SANTOS, 2011), dos mais de 30 mil profissionais engenheiros formados anualmente, apenas um quarto possui formação adequada. Dentre os problemas relatados, um chama a atenção, que é a dificuldade em redigir um texto nos testes realizados com os candidatos às vagas em entrevistas.

Escrever é uma arte e, como tal, é preciso que se faça seu aprimoramento dia após dia. Com raríssimas exceções, a qual diria que beiram o campo da metafísica, não se nasce escrevendo bem. É preciso esforço na tarefa penosa de se fazer entender por meio das palavras e expressões. Quem se faz compreendido por meio de um texto bem escrito e estruturado, adquire a capacidade de argumentação e defesa de seus pensamentos. A escrita é, por isso, um escudo de proteção no campo de batalha das ideias. É preciso que se ressalte, contudo, que o dom da escrita não se restringe apenas ao domínio restrito da gramática e ortografia. Redigir um bom texto envolve, antes de tudo, as técnicas e habilidades referentes à coesão e à coerência textual.

Assim como a argamassa cola e une os tijolos em uma parede, algumas palavras ajudam a “colar” as partes de um texto, mantendo-as juntas e de forma que as ideias se complementem umas às outras; a isso se dá o nome de coesão textual. É possível produzir um texto mais coeso por meio do conhecimento dos elementos de ligação, principalmente as conjunções, e das formas de utilização de cada um deles.

A capacidade de coerência da escrita, outro quesito de suma importância, envolverá maior abstração por parte do redator, uma vez que estará centrada na aptidão de reunir os pensamentos, informações e argumentos, tendo em vista a geração de um texto claro e entendível. Como quem aprende a ler e que, de tanto se esforçar, adquire a prática da leitura fluente, à medida que se escreve, aumenta-se a habilidade de se fazer entendível por meio das palavras, frases e expressões.

Por último, cumpre destacar que a criação de uma boa redação incluirá a constante mudança e readaptação da escrita, além da incessante escolha de sinônimos, como forma de evitar a repetição frequente de termos e vocábulos. De forma semelhante a esculpir uma obra de mármore, a confecção de um texto coeso e coerente envolverá a progressiva revisão por parte de quem escreve. Alguns trechos precisam muitas vezes ser podados e, outras vezes, reescritos, sempre com foco na coesão e coerência, incluindo e respeitando, além disso, a gramática e a ortografia da língua. Ao final, depois de todo o esforço e de todo o tempo dispendido, ter-se-á uma obra pronta e bem estruturada, envolvendo a constatação, por parte do autor, de que seu empenho pessoal lhe terá valido a pena. 

Referências

ABAURRE, M. L.; PONTARA, M. N. P.; FADEL, T. Português: língua, literatura, produção de texto: ensino médio. 1. ed. São Paulo: Moderna, 2005.

HEINIG, O. L. O. M; SANTOS, G. R. O letramento no processo de formação do engenheiro civil. Atos de Pesquisa em Educação – PPGE/ME FURB. ISSN 1809-0354 v. 6, n. 1, p. 53-78, jan./abr. 2011.