segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Relatos de uma experiência: reciclando plástico em casa


Você já parou para pensar no quanto o plástico é importante em nossas vidas? Ele está presente no nosso dia a dia das mais diversas formas, desde as embalagens dos produtos que compramos nos supermercados até nas carcaças e peças de nossos smartphones.

Do ponto de vista da Ciência e Engenharia de Materiais, os plásticos fazem parte de um grupo muito maior de materiais, conhecidos como polímeros. Os polímeros são formados por moléculas gigantescas (chamadas de macromoléculas), compostas principalmente por carbono (C) e hidrogênio (H).

Apesar de sua vasta aplicação e importância, grande parte dos polímeros leva muito tempo para ser degradada pela natureza. Dessa forma, quando descartados de forma incorreta, acabam sendo levados para florestas, rios e mares, comprometendo os ecossistemas terrestres e marinhos.

Uma alternativa para evitar a poluição, e também a extração predatória de recursos não renováveis, é a reciclagem. Alguns polímeros podem ser facilmente reciclados. No caso dos polímeros termoplásticos, quando estes sofrem aquecimento, eles tornam-se moldáveis, podendo adquirir novas formas e utilidades.

Cada tipo de polímero possui uma temperatura própria na qual pode ser trabalhado. Nesse caso, a tarefa de reciclar o plástico dependerá, em parte, da capacidade de você alcançar as temperaturas específicas para “derretê-lo”.

- Ok, entendi! Mas será que é possível reciclar o plástico em casa?

A resposta para essa pergunta é sim! Mas tenha em mente que apenas alguns plásticos podem ser reciclados em sua cozinha. E, bastante cuidado, pois o aquecimento desses materiais geram produtos tóxicos resultantes do aquecimento e que podem causar danos a nossa saúde.

- Podemos reciclar qualquer embalagem plástica?

Infelizmente, não. Como havia dito antes, a reciclagem do plástico depende da sua temperatura de fusão e, por esse motivo, apenas aqueles que possuem temperatura de fusão mais baixa são viáveis de serem reciclados em casa.

O polietileno de alta densidade (conhecido como PEAD) é um dos poucos polímeros ao nosso alcance que se adequa bem a essa empreitada. 

Embalagens plásticas de PEAD.

Para verificar se a embalagem é feita desse material, basta observar o símbolo que se apresenta nos “fundos” do recipiente: trata-se de um triângulo com o número 2 no centro, conforme mostra a figura abaixo:

 Símbolo do polietileno de alta densidade.
Imagem: https://www.techduto.com.br/pead/

- Legal, já separei as embalagens de PEAD. E agora?

Agora precisamos cortá-las ou triturá-las. Sim, isso mesmo. Vamos reduzir as embalagens em pequenos pedaços para que dessa forma seja mais fácil transformar o plástico numa massa viscosa após o aquecimento. Utilize uma tesoura afiada e corte em pedaços suficientemente pequenos (cerca de 1 cm ou menos).

Embalagens de PEAD cortadas em pedaços de cerca de 1 cm.

- Qual é a temperatura ideal para derreter o PEAD?

A temperatura de fusão do PEAD é de 135°C, em média. Nesse caso, sugere-se uma temperatura acima desse valor, porém não tão elevada a ponto de causar a “queima” do plástico (recomenda-se até 180°C). Deixe por tempo suficiente até que o plástico amoleça, de 30 min a 1 h.

- Onde aqueço o plástico? Posso utilizar qualquer forno?

Para aquecer o plástico, o ideal é utilizar um forno que tenha controle da temperatura. Pode ser um forno elétrico ou até mesmo uma fritadeira elétrica (foi o que usei para meu experimento, foto abaixo).

Fritadeira elétrica utilizada para derretimento do plástico.

Uma dica importante: evite equipamentos que você utiliza para cozinhar seus alimentos, pois os resíduos da fumaça do plástico são tóxicos e podem permanecer no forno, contaminando a sua comida. Um outra precaução é a utilização de máscaras durante o derretimento para evitar a inalação da fumaça.

- Posso utilizar qualquer recipiente para derreter o plástico?

Infelizmente, não. Você vai precisar de uma fôrma antiaderente ou papel manteiga para que o plástico não grude depois de derretido. Isso é muito importante, pois do contrário, você não vai conseguir desgrudar o material e ele poderá danificar a sua fôrma.

- E o resultado final? Deu certo?

A foto abaixo mostra o resultado final do plástico derretido. Conforme havia mencionado, utilizei uma fritadeira elétrica para aquecer o plástico e não consegui obter um resultado satisfatório (creio que a temperatura foi baixa e o tempo de aquecimento não foi suficiente para permitir a completa fusão do material).

Peça de plástico formada após o "derretimento".

- Afinal de contas, reciclar o plástico em casa é viável?

Em minha opinião, reciclar o plástico em casa é uma tarefa um tanto complicada, pois não se trata de algo trivial e que possa ser feito de qualquer maneira. Por esse motivo, temos de pesar bem os prós e os contras. Ademais, temos de verificar até que ponto isso se torna viável economicamente, pois, afinal de contas, precisamos gastar energia elétrica durante o processo.

Para mim, reciclar o PEAD foi uma tarefa um tanto quanto frustrante, mas tenho que reconhecer a série de variáveis que colaboraram de forma negativa para o insucesso do experimento. Por outro lado, é digno reconhecer o vasto aprendizado que tive ao longo dessa experiência. Tudo isso conta e, talvez, seja o mais importante. Conhecimento nunca é demais, não é mesmo? 

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