domingo, 9 de agosto de 2015

Toda a beleza e simplicidade do Modelo Padrão


Imagem: http://physicsworld.com/cws/article/news/2010/apr/09/
strange-quark-weighs-in

O Modelo Padrão é uma das teorias mais bem elaboradas e sofisticadas de toda a Física. Em resumo, trata-se de um modelo simples que busca explicar a constituição básica da matéria, bem como classificar as partículas e especificar como elas interagem umas com as outras. Apesar de ainda não ser uma teoria consolidada, o Modelo Padrão permite fazer previsões sobre as partículas e suas propriedades por meio da simetria observada entre elas.


Classificações importantes

Para entender o Modelo Padrão é preciso reconhecer a classificação das partículas de acordo com duas propriedades: o número quântico de spin (momento angular intrínseco das partículas) e as interações fundamentais a que estão sujeitas.

Número quântico de spin: esse número quântico permite dividir as partículas em dois grandes grupos: férmions e bósons. O primeiro recebeu esse nome em homenagem a Enrico Fermi, enquanto o segundo foi uma homenagem ao físico indiano Satyendra Nath Bose.

Número quântico de spin
Classificação da partícula
Exemplo
Semi-inteiro
Férmion
Elétron
Nulo ou inteiro
Bóson
Fóton

Interações fundamentais: existem na natureza quatro interações fundamentais: gravitacional, eletromagnética, forte e fraca. Desse quarteto somos levados a pensar em quatro cargas, quatro forças, quatro campos e quatro tipos de partículas mediadoras (responsáveis pela “troca de mensagens” entre as outras partículas). Todas as forças que conhecemos na natureza – força elástica, força de viscosidade, força de atrito, força elétrica, etc. – são casos oriundos das quatro forças fundamentais.

Interação
Carga associada
Força associada
Campo associado
Partículas mediadoras
Gravitacional
Massa
Força gravitacional
Campo gravitacional
Grávitons
Eletromagnética
Carga elétrica
Força eletromagnética
Campo eletromagnético
Fótons
Forte
Carga cor
Força cor
Campo forte
Glúons
Fraca
Carga fraca
Força fraca
Campo fraco
Partículas W e Z

No domínio subatômico a força gravitacional é negligenciável. A força forte é a que mantém as partículas unidas no núcleo do átomo. Já a força fraca é a responsável por manter certas partículas, como o elétron, orbitando em volta do núcleo.

De acordo com a interação nuclear forte podemos classificar as partículas em outros dois grupos importantes: os hádrons e os léptons. As palavras “hádron” e “lépton” vêm do grego, significando, respectivamente, “robusto” e “leve”.

Interação forte
Classificação
Subdivisão
Exemplos
Partículas que estão sujeitas à interação forte
Hádron
Méson
(bóson)

Píon
Bárion (férmion)
Próton e nêutron
Partículas que não estão sujeitas à interação forte
Lépton
_
Elétron e neutrino

Existem ao todo seis léptons: elétron, múon, tau, neutrino do elétron, neutrino do múon e neutrino do tau.


Modelo dos Quarks e Cromodinâmica Quântica

O modelo dos quarks surgiu da tentativa de explicar certos padrões observados em grupos de bárions e mésons. Tal fato ocorreu em 1964, quando Murray Gell-Mann e George Zweig, observaram que esses padrões podiam ser explicados se os hádrons fossem compostos por partículas menores, as quais Gell-Mann chamou de quarks.

Existem seis tipos de quarks: up (u), down (d), charm (c), strange (s), top (t) e bottom (b). Estando os quarks relacionados à interação forte, eles possuem uma propriedade chamada carga cor, mas não se trata de uma cor propriamente dita. Existem três cargas cores: vermelho, verde e azul. Um quark pode apresentar qualquer uma dessas três cargas; dessa forma, temos 18 tipos de quarks. Entretanto, considerando os pares partícula–antipartícula, teríamos outros 18 tipos de antiquarks. Portanto, temos ao todo um número considerável de quarks: 36.

Imagem: http://www.telegraph.co.uk/news/science/science-news/7828889/
The-Standard-Model-of-the-universe-explained.html

A teoria das interações entre glúons e quarks é chamada Cromodinâmica Quântica (CDQ). Segundo essa teoria, os antiquarks devem apresentar cargas cores complementares: ciano, magenta ou amarelo.

Uma particularidade dos quarks é que eles não são encontrados livres na natureza, mas sempre em ternos e pares. Bárions, em geral, são combinações de três quarks, enquanto os mésons correspondem a pares quark–antiquark. Além disso, os quarks possuem carga elétrica fracionária (+2/3 e ou -1/3 e) e, quando juntos, a soma algébrica das cargas é sempre um múltiplo inteiro de e. Recentemente descobriu-se a existência de pentaquarks, provando que os quarks podem se combinar em grupos maiores, porém instáveis... Se deseja saber mais sobre os pentaquarks, confira duas reportagens, na íntegra, falando sobre essa interessante descoberta:




Teoria da Supersimetria

A Teoria da Supersimetria parte em busca da resposta para uma pergunta que tem causado bastante dor de cabeça aos físicos: “Do que é formada a matéria escura?”.

Segundo essa mesma teoria, cada partícula elementar do Modelo Padrão teria uma superparceira mais pesada. Partindo dessa hipótese, alguns físicos pensaram na possibilidade de existência do neutralino. Tal partícula seria um ajuntamento de superparceiras do fóton, do bóson Z e de outras partículas.

Hipoteticamente, a detecção do neutralino resolveria o problema da constituição da matéria escura. Contudo, não foi encontrada até hoje nenhuma evidência que prove a existência de tal partícula.


Fontes consultadas:

MOREIRA, M. A. O Modelo Padrão da Física de Partículas. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1806-11172009000100006&script=sci_arttext>. Acesso em: 9 ago. 2015.

The Particle Adventure - Como a carga de cor funciona? Disponível em: <http://www.cepa.if.usp.br/aventuradasparticulas/frames.html>. Acesso em: 9 ago. 2015.

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