Não é de hoje que se sabe que
o mundo quântico está repleto de bizarrices. Desde o início do século passado
físicos têm buscado uma forma de explicar determinados fenômenos que não se
enquadram dentro da Física Clássica.
No mundo quântico o elétron
pode ser capaz de atravessar uma barreira tendo energia cinética inferior à energia potencial de tal barreira - o que no mundo
macroscópico é impensável. Tal fenômeno denominado tunelamento quântico ou efeito túnel só pode
ser explicado se pensarmos no elétron como onda, de maneira que tal onda seja capaz
de atravessar a barreira, tendo assim uma probabilidade da partícula aparecer
do outro lado da mesma. Foi Bohr quem disse uma vez: “se a mecânica quântica
não lhe causa estranheza é porque você não a compreendeu de fato”.
Elétron atravessando barreira de potencial. Imagem: Wikimedia Commons/ Yoschi |
A descoberta do fenômeno do tunelamento
quântico teve aplicação prática na criação do microscópio de varredura por tunelamento. Por
meio de tal aparelho passou a ser possível manipular átomos e moléculas, mesmo sem vê-los
de fato, pois a luz sobre as partículas gera grandes imprecisões. No
microscópio de tunelamento uma agulha desliza sobre a superfície, acompanhando
o seu relevo. O registro do movimento é usado para criar imagens artificiais da
superfície. O movimento da agulha ocorre por meio de sinais elétricos gerados
pelos elétrons capazes de atravessar a barreira de potencial (pequeno espaço entre a agulha e a superfície).
Manipulando a posição da
agulha do microscópio de tunelamento é possível arrastar átomos e depositá-los
em outros locais. Por meio dessa técnica, os cientistas da IBM (International Business Machines) arrastaram átomos
de ferro em uma superfície de cobre, em baixíssima temperatura (cerca de 4 K),
até que formassem um círculo com 48 átomos, que recebeu o nome de curral quântico. Verificou-se que
ocorriam vibrações dentro do curral, em virtude da existência de elétrons
aprisionados dentro do círculo. As vibrações provam o caráter ondulatório dos
elétrons e estão de acordo com as previsões teóricas.
Imagem:https://www.if.ufg.br/semanas_da_fisica/semana2003/imagem.html |
Na imagem acima os átomos de ferro
apresentam uma aparência pontiaguda em virtude da forma como a agulha interage
com cada átomo. As duas “ilhotas” do lado de fora do círculo correspondem a
imperfeições na superfície do cobre. A figura foi colorida artificialmente.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
PESSOA, OSVALDO JR. É possível ver um átomo? Disponível em: <http://www2.uol.com.br/vyaestelar/fisicaquantica_atomo.htm>. Acesso em:
2 jan. 2016.
WALKER, Jearl.
Halliday/Resnick Fundamentos de Física.
8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. v.4.
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