quarta-feira, 18 de maio de 2016

Reforma ortográfica: facilitando ou complicando nossas vidas?


Em 1º de janeiro de 2016 o Acordo Ortográfico entrou em vigor. Depois de anos sendo adiada, a nova ortografia agora deve ser utilizada em todos os documentos oficiais. Saber escrever bem é requisito indispensável para qualquer profissional, incluindo aqueles das exatas que acham que lidar com números dispensa a boa convivência com as letras. Quem nunca, ao escrever um artigo, não ficou com dúvida se aquela palavra levava ou não um hífen? Fique por dentro das principais regras para não se sentir confuso na hora de escrever:

1. Trema

O trema não é mais usado. Agora escreve-se: "liquidificador", "linguiça" e "sequestro".

2. Acento agudo

O acento agudo deixou de ser empregado nos ditongos "oi" e "ei" das palavras paroxítonas, como "ideia", "assembleia", "colmeia", "joia" e "paranoia".

3. Acento circunflexo

O acento circunflexo não é mais empregado em formas como "voo", "enjoo", "leem", "veem", etc.

4. Acentos diferenciais

Quase todos os acentos diferenciais foram suprimidos. Palavras como "pêra", "pólo" e "pêlo" passaram a ser grafadas como "pera", "polo" e "pelo". Não existe mais o acento diferencial do verbo "pára", que agora passa a ser grafado "para". Obs.: formas como "tem" e "têm" para singular e plural, respectivamente, continuam valendo.

5. Hífen

A principal alteração imposta pelo acordo foi, sem dúvida, sobre o uso do hífen. 

Confira abaixo algumas situações em que você não deverá usá-lo:

  • morre o hífen nos compostos com três ou mais elementos que não designam espécie botânica ou zoológica: "mula sem cabeça", "pé de moleque", "água de cheiro", "dia a dia", etc. Excetuam-se alguns casos consagrados pelo uso, como "cor-de-rosa";
  • não há hífen com os prefixos co- e re- em nenhuma hipótese: "coabitar", "coerdeiro", "reeditar", "reestatizar", etc;
  • para grande parte dos casos, o hífen não será usado quando a palavra agregada começar por letra diferente daquela que termina o prefixo ou elemento de composição: "aeroespacial", "hidrodinâmico", "megaestrutura", "supersensível", "semiespaço", "subdesenvolvido";
  • se o prefixo ou elemento de composição terminar em vogal e a palavra agregada começar por R ou S, então dobra-se o R ou S: "autorregulação", "semirreta", "autossustentável", "hidrossanitário", etc.

Agora as situações em que o uso do hífen se faz necessário:

  • o hífen será usado sempre que a palavra agregada começar por H ou letra igual à que encerra o prefixo ou elemento de composição: "super-herói", "micro-ondas", "inter-regional", "semi-humano", etc;
  • prefixos pré-, pós- e pró- exigem hífen sempre que preservem a autonomia vocabular: "pré-pago", "pós-operatório", "pró-impeachment", etc. Excetuam-se alguns casos, como "prequestionamento";
  • sempre exigem hífen: além-, aquém-, ex-, recém-, sem-, soto-, sota- e vice-: "além-mar", "aquém-oceano", "ex-sócio", "recém-chegado", "sem-teto", "soto-piloto", "sota-vento", "vice-presidente", etc;
  • os prefixos ab-, ad-, ob-, sub- exigem hífen sempre que a palavra agregada começar por R: "ab-rogar", "ad-referendum", "ob-rogado", "sub-região", etc.

Nossa memória fotográfica, acostumada à antiga grafia, recusa-se a engolir "ideia" sem acento ou "semirreta" com dois erres. O jeito é ter paciência... só com o tempo é que vamos nos adaptando a essas mudanças. O uso de hífen nos vocábulos com prefixação é confuso e sem regra clara. Na dúvida consulte sempre um dicionário atualizado e, se você não tem, é hora de adquirir um. Você também pode consultar o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), disponível on-line.

Fontes:

Nenhum comentário:

Postar um comentário