terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Como é feita a implosão de um edifício?


Imagem: https://br.pinterest.com
/fabiomelosu/building-implosion/
Uma implosão, no sentido mais específico da palavra, seria algo como uma explosão para dentro, ocasionada pela diferença entre as pressões interna e externa. Por exemplo, um tubo de vidro em que o ar é bombeado para fora pode implodir, pois a sua pressão interna se torna muito inferior à pressão atmosférica. Fica evidente que o termo implosão utilizado para se referir ao desmonte de edifícios por meio de explosivos não é uma implosão propriamente dita, embora a expressão tenha se consagrado pelo uso.

A chamada implosão controlada é a maneira mais prática de se realizar o desmonte de uma edificação, em grande parte dos casos. De maneira geral, seu uso será mais conveniente quando for considerado o fator rapidez e custo (uma vez que é mais barata do que a demolição convencional) ou quando houver risco de colapso iminente do edifício. Em estruturas com mais de quatro andares a implosão pode ser a única alternativa, pois o uso de máquinas para realização da demolição convencional deixa de ser viável.

Como não há norma específica para implosões de edificações no Brasil, algumas empresas costumam recorrer à NBR 9653, a qual trata dos efeitos de desmonte de rochas com o uso de explosivos em áreas urbanas. Segundo essa norma, a velocidade máxima permitida para as partículas lançadas pela explosão será de 15 mm/s. Tal velocidade é dimensionada para oferecer segurança a casas próximas a pedreiras, sem fundações e feitas com material de baixa qualidade. Na zona urbana a qualidade das casas do entorno costuma ser superior, o que nos garante um fator de segurança ainda maior. 

Outro fator relevante para garantir uma detonação segura é observar as características da vizinhança. O perímetro de segurança é determinado com base no tamanho do prédio e na quantidade de explosivos necessária. Quando existem edificações muito próximas do edifício a ser implodido, uma alternativa é abrir um rasgo no prédio por meio de máquinas, alcançando a distância mínima necessária antes de realizar a detonação. Cabe ressaltar que o envelopamento do prédio com telas de proteção constitui mais uma segurança extra, evitando o lançamento de partículas e fragmentos no entorno. Além disso, sismógrafos de engenharia e geofones podem ser instalados para verificar se as edificações vizinhas sofreram algum dano durante a implosão.

A detonação propriamente dita dos explosivos acontece nos suportes da estrutura. Além das visitas in loco e simulações computacionais em 3D, a execução da implosão deve ser precedida pela autorização de uma série de órgãos, incluindo a Prefeitura, a Defesa Civil e o Exército, este último sendo responsável pelo controle do uso de explosivos e produtos químicos no país. Empresas de energia elétrica e de telefonia também podem ser previamente informadas, a fim de evitar contratempos e prevenir outras possíveis periculosidades. 

Antes de implodir o edifício é recomendável que se faça a retirada da alvenaria dos primeiros andares, para que esta não atrapalhe a queda do prédio após a detonação dos suportes. Outras informações importantes, como o tipo de ferragem e a qualidade do concreto, podem ser obtidas durante o furo dos pilares para instalação dos explosivos. O uso de dinamite é mais indicado para pilares de concreto. Em colunas de aço é utilizado um explosivo especial conhecido como RDX, o qual consegue fatiar o aço.

A implosão controlada é assim chamada porque os explosivos em cada pavimento são detonados de cima para baixo com uma diferença de frações de segundo, sendo isso o que permite o sucesso da operação. Se as detonações forem feitas a um só tempo, as cargas dos explosivos se somam, ocasionando uma implosão de grande impacto. Geralmente costuma-se detonar os pilares dos três primeiros andares, mas em edifícios muito altos é necessário realizar uma detonação extra na porção intermediária da estrutura. 

Uma vez que os pilares responsáveis pela sustentação da estrutura são detonados, o edifício perde seu equilíbrio estático e passa a se comportar como uma estrutura hipostática. A própria gravidade acaba por finalizar o processo, levando o prédio à ruína. Quando o objetivo é levar a estrutura a sofrer um colapso vertical sobre sua própria planta, uma opção é fazer inicialmente a detonação dos pilares do centro do prédio, de forma que suas laterais caiam para dentro.

O vídeo abaixo mostra a implosão controlada do edifício AfE-Turm, em Frankfurt, Alemanha (considerada a maior implosão controlada já realizada na Europa)*.



*Dados de 2014.

Fontes:

Nenhum comentário:

Postar um comentário