segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Tem vida inteligente lá fora? Como estimar o número de civilizações extraterrestres com possibilidade de comunicação


Como até hoje não se tem relatos de comunicação extraterrestre, uma pergunta ainda incomoda parte dos cientistas: será que a Terra é o único planeta dotado de vida inteligente em meio a uma galáxia com mais de 200 bilhões de estrelas? Ou será que o número de civilizações com capacidade de se comunicar conosco é muito pequeno? 


Radiotelescópio para detecção de comunicação extraterrestre
 (Arecibo, Porto Rico). Imagem: https://www.shoretrips.com
Em 1961, o astrofísico Frank Drake propôs uma fórmula que permitiria estipular esse número. Sua equação é uma das mais ousadas e curiosas que se conhece. Na verdade, se trata de um argumento probabilístico que fez muito sucesso entre alguns simpatizantes da vida extraterrestre, incluindo o astrônomo Carl Sagan e o escritor de ficção científica Isaac Asimov. Os valores encontrados dependem, contudo, do otimismo de quem utiliza a fórmula. Foi por isso que uma corrente de cientistas tachou a equação de “pseudociência”, visto que ela não tem qualquer comprovação científica de que realmente funcione. Mas em meio a tanta controvérsia, não se pode deixar de mencionar que a fórmula pode produzir resultados curiosos.  

Na equação de Drake, o número de civilizações, N, com a qual a comunicação é possível, corresponde ao resultado da multiplicação de sete variáveis:

N = R* x fp x Ne x fl x fi x fc x L
Onde:

R* = taxa de formação de estrelas parecidas com o Sol em nossa galáxia (estrelas/ano);
fp = fração de estrelas que possuem planetas em órbita;
Ne = número de planetas por sistema que podem possuir vida;
fl = percentual de planetas com capacidade de possuir vida em que a vida de fato se desenvolveu;
fi = percentual de planetas com vida em que a vida inteligente se desenvolveu;
fc = percentual de civilizações que desenvolveram tecnologia de comunicação interestelar;
L = o tempo que tal civilização pode liberar sinais de comunicação no espaço (anos).

O quadro abaixo informa alguns intervalos para as variáveis acima:

Intervalos para estimativa
R*
1 a 10 estrelas/ano
fp
20% a 50%
Ne
1 a 3
fl
33% a 100%
fi
100%
fc
10% a 20%
L
1.000 a 100.000.000 anos

Por exemplo, vamos escolher cada variável com base num critério:

R* = 5 (média utilizando os extremos do intervalo da tabela acima)
fp = 50% (metade das estrelas possuem planetas em órbita); 
Ne = 3 (três planetas com chance de possuir vida, assim como a Terra e seus dois planetas vizinhos); 
fl = 33% (apenas um dos três planetas possui vida, assim como a Terra em meio a Vênus e Marte); 
fi = 100% (o planeta com vida desenvolve vida inteligente, assim como aconteceu com a Terra); 
fc = 15% (média utilizando os extremos do intervalo da tabela acima); 
L = 100.000 (considerando que depois de 100.000 anos não sejam mais necessários esforços de comunicação).

N = 37125 civilizações

Agora é sua vez...  Faça suas estimativas e jogue os valores na calculadora para descobrir o quão otimista você é com relação à existência de vida inteligente comunicativa na galáxia. A título de curiosidade, Sagan encontrou 1 milhão de civilizações, enquanto Asimov calculou 530 mil. E o próprio Drake, de acordo com os valores encontrados em suas pesquisas, chegou a apenas 2,31 civilizações.

Fontes:

SAGAN, C. Série Cosmos. EUA, 1980. <== Assistam!!!

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